quarta-feira, 7 de julho de 2010

GABRIELA RIBEIRO E RAFAELA BORSATO




ARQUITETURA E ILUMINAÇÃO.

Estima-se que 80% da percepção humana seja visual. A percepção da arquitetura como forma e espaço, abrange o tratamento da luz, a iluminação mais do que técnica e conforto compõe o espaço, afeta o principal meio de percepção da arquitetura sendo ele pensando ou não
A aplicação da iluminação está associada ao desenvolvimento da arquitetura como signo representativo dos valores que estruturam uma determinada realidade ,como reflexo de um pensamento que caracteriza ou reflete um tempo histórico e as tecnologias do contexto.
Na arquitetura clássica, por exemplo, a luz é conduzida ao interior através de pequenas e estrategicamente localizadas aberturas. O interior recebe uma iluminação filtrada e sutil (devido à espessura das paredes e a outros elementos arquitetônicos) No exterior da edificação, para evidenciar a forma, a estratégia da composição utiliza os contrastes de luz sombra e meia-sombra

O estilo gótico é afirmação de uma nova filosofia, onde Deus está acima de tudo, principalmente dos homens, portanto as igrejas são os elementos mais representativos deste período. A luz nesse caso adquire um peso simbólico, sobrenatural, é a comunicação com o divino, através dela pode-se admirar a glória de Deus e melhor aperceber-se da sua mortalidade e inferioridade. Uma catedral gótica é exatamente isso: o permanente movimento de luz e movimento nas sombras, nas nuances.
O desenvolvimento da técnica dos arcos ogivados possibilitou paredes não portantes e a incorporação dos vitrais.
As inovações técnicas de distribuição de peso das abóbadas, permitiram a criação de grandes lances de entrada de luz.




O Barroco considerado um estilo exagerado e sem lógica, em oposição ao racionalismo do Renascimento. Tem caráter teatral, buscando dinamismo e movimento, exuberância e contrastes. É quando a luz entra em cena, atuando como parte integrante da obra na exploração do efeito de luz e sombra pela contraposição de saliências e reentrâncias, em uma tendência de não respeitar os limites das disciplinas, ou seja, a mistura entre arquitetura, pintura e escultura.Exemplos: Baldaquino da Basílica de São Pedro e Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.

Dado o pano de fundo do século XIX , ou seja, fuligem,doenças,superpopulação e falta de espaços abertos a reforma urbana no inicio do sec. XX valorizou tanto a luz,o espaço,as áreas verdes,a higiene e a transparência.
Com a tecnologia do ferro fundido era possível vencer grandes vãos estruturais e amplas áreas envidraçadas.

O Palácio de Cristal de 1850-1,projetado por Joseph Paxton foi montado apenas com peças padronizadas de ferro,madeira para abrigar uma grande exposição mundial , mas se erguia muito acima de pequenas preocupações mundanas como a exibição de inventos e produtos de poderes econômicos concorrentes, dissolvia-se nas arvores e no céu e revelava uma sensação virtualmente sem precedentes de espaço,transparência e leveza.

“vemos uma delicada rede de linhas sem nenhuma pista com a qual possamos julgar a distancia até nossos olhos ou seus tamanhos reais... nossos olhos voam ao longo de perspectivas infinitas que esmaecem no horizonte. Não conseguimos dizer se essa estrutura se eleva trinta ou trezentos metros acima de nós ou se o telhado é uma plataforma chata ou é constituído de uma sucessão de cumeeiras, pois não há um jogo de sombras permitindo que nossos nervos ópticos façam as medições... toda a imaterialidade se confunde com a atmosfera...”
-efeitos da luz e do espaço como a dissolução da natureza-





A Escola de Arte de Glasglow do arquiteto escocês Charles Rennie Mackintosh
É uma espécie de gaiola luminosa inserida em uma armadura de pedra facetada usando de iluminação zenital.
As inovações tecnológicas possibilitaram a utilização de luz artificialNa biblioteca, há uma extraordinária atmosfera de excitação paralisada. As linhas são dinâmicas, e em todos os lugares há uma ênfase na manipulação e no controle do espaço.
























É através das aberturas que a arquitetura interage diretamente com a luz, seja apenas para iluminar o espaço, ou tirando partido desses elementos para moldar a forma como os raios luminosos estarão presentes no edifício, ou ainda para adquirir uma forma de expressão própria. De forma geral e abrangente essas aberturas se caracterizam por janelas, nos planos de parede e por clarabóias, no plano de cobertura. “Como a intensidade e a direção da luz irradiada pelo sol são razoavelmente previsíveis, é possível prever seu impacto visual sobre as superfícies, formas e espaço de um recinto, com base no tamanho, na localização e na orientação de janelas e clarabóias dos planos de delimitação (...). O formato e a articulação de uma abertura são refletidos no padrão da sombra projetada pela luz do dia nas formas e superfícies do recinto. A cor e a textura dessas formas e superfícies, por sua vez, afetam sua reflexibilidade e o nível de luz ambiente dentro do espaço” (Ching).
com os avanços tecnológicos e as necessidades do nosso tempo, fez-se necessária a busca pela prolongação da luz solar, a luz artificialtexto de Julia Schulz-Dornburg, Arte e Arquitetura: novas afinidades:“Os efeitos da luz artificial são bem menos espaciais [que o da luz natural], no entanto, esta luz possui uma gama infinita de cores, intensidades e aplicações, construindo um dispositivo ilusório perfeito. A luz artificial altera o perfil noturno da cidade no horizonte e cria cenários imateriais. Define o caráter dos espaços freqüentados durante a noite, aumentando as horas produtivas do nosso dia. Apesar de sua qualidade imaterial, a luz é tão eficaz quanto qualquer substância física. Possui uma presença que pode ser configurada e modelada como se fosse um material convencional de escultura.”


-Frank Lloyd Wright


“O Sol ilumina a vida e deve ser usado como tal na concepção de qualquer casa”.

No projeto da Casa Robie,de 1908-10 de Wright o teto tinha uma moldura de madeira onde foram conectados lustres esféricos e a fiaçao elétrica foi embutida. Os beiras avançam de forma dramática no conjunto,mas esses grandes balanços não tinham apenas função estética; os planos protegiam as janelas do ofuscamento solar
E liberavam as bordas da edificação de grandes cargas estruturais permitindo amplas janelas com luz fixa e vidraças translúcidas,eram espaços de transição entre exterior e interior.


Fallingwater House, Pensylvania, 1937







Le Corbusier:


“Arquitetura é o jogo correto e magnífico das formas sob a luz” Le Corbusier (1940)



Ville Savoye-Poissy, França, 1929 -Janela em fita. Le Corbusier evita a solução tradicional de propor aberturas limitadas, ou muito verticais, buscando iluminação constante e homogênea.